Estudante de veterinária é picado por cobra Naja no DF

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Um estudante de veterinária está em coma induzido após ter sido picado ontem, no Gama, região do Distrito Federal, por uma cobra Naja, considerada uma espécie exótica.

De acordo com a Fundação Jardim Zoológico de Brasília, não há registro de entrada da espécie na capital federal. O Batalhão da Polícia Militar Ambiental (BPMA) informou ao que a suspeita é de que o jovem de 22 anos criava a cobra ilegalmente em casa.

O estado de saúde do universitário é grave, e ele está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Maria Auxiliadora, segundo familiares. Eles aguardam o resultado de um tratamento feito com soro vindo do Instituto Butantan, de São Paulo. O medicamento chegou a Brasília na noite de ontem.

Nas redes sociais, o jovem publicava várias fotos com cobras. Depois do caso ser publicado na mídia, as imagens foram apagadas. Após horas de busca, a cobra foi encontrada por volta de 19h, pelo BPMA, dentro de uma caixa atrás de um morro, em um shopping localizado no Setor de Clubes Sul. Segundo o batalhão, só depois de muita conversa que um amigo da vítima informou sobre a localização da cobra.

O major Elias Costa, do BPMA, informou que o jovem será ouvido sobre o caso, assim que tiver condições. “A família precisa colaborar. Se eles estão com medo, quando o jovem acordar, ele precisará dar satisfações sobre a cobra. É ilegal mantê-la na casa dele”, declarou.

A Delegacia de Combate à Ocupação Irregular do Solo e aos Crimes contra a Ordem Urbanística e o Meio Ambiente (Dema) também investiga o caso.

Veneno pode matar em 60 minutos Segundo

o biólogo e diretor de répteis, anfíbios e artrópodes do Zoológico de Brasília, Carlos Eduardo Nóbrega, o veneno da Naja pode matar um ser humano em apenas 60 minutos após a picada. “Não existe registro oficial de entrada desse animal no DF. Ele não poderia estar sendo criado por uma pessoa física. Essa espécie é encontrada principalmente na Tailândia. É uma das grandes responsáveis por acidentes na Ásia”, explica.

A cobra da espécie Naja é encontrada na África, no Sudoeste da Ásia, Sul da Ásia e Sudeste Asiático.

Nóbrega também informou que o veneno da cobra atinge o sistema neurológico central do ser humano, afetando a respiração e a noção de espaço e tempo. A vítima também fica sonolenta.

“Se você não mexer com essa espécie, ela vai embora. Não ataca. Mas se ela se sentir ameaçada, levanta o corpo e se prepara para o bote. Porém, se o humano ou animal insistir, a Naja vai picar. Ela picou exclusivamente por defesa. Até porque essa cobra não tem capacidade física de engolir um ser humano”, pontuou.

De acordo com o biólogo, o tempo de espera para a chegada do soro antiofídico é preocupante. O indicado é receber o tratamento específico em até duas horas após a picada.

Soro foi enviado emergencialmente, diz Butantan.

O soro enviado pelo Instituto Butantan é usado para emergências, caso ocorram ataques no local, já que a entidade de pesquisa possui algumas espécies da cobra Naja.

O Instituto Butantan informa que não produz e nem disponibiliza soro antiveneno para acidentes com Naja, uma vez que é uma espécie exótica. A instituição somente mantém o soro em sua unidade hospitalar de atendimento para eventuais acidentes com pesquisadores que realizam estudos com o animal na instituição”, informa o Butantan.

Segundo o instituto, novas doses não serão enviadas ao Distrito Federal, pois o tratamento é de responsabilidade da Secretaria de Saúde local. A Secretaria de Saúde disse que não tem informações sobre o caso.

Jéssica Nascimento

Colaboração para o UOL, em Brasília

08/07/2020 18h05Atualizada em 09/07/2020 13h05

Edição: Wilson Barbosa

Jornal Cidades