O presidente da República Jair Bolsonaro nomeou Gilson Machado o novo ministro do Turismo. A nomeação foi publicada na madrugada desta quinta-feira (10) no “Diário Oficial da União (DOU)”. A mesma edição traz a demissão do cargo, a pedido, segundo a publicação, de Marcelo Álvaro Antônio.
A mudança ocorre após o ex-ministro, Álvaro Antônio, acusar o ministro da Secretaria do Governo, Luiz Eduardo Ramos, de pedir ao presidente Jair Bolsonaro para entregar o cargo do Turismo ao Centrão, bloco de poio ao governo na Câmara.
O objetivo, segundo o ex-ministro, seria negociar apoio na eleição para a presidência da Câmara. O candidato do Centrão para comandar a Casa, Arthur Lira (PP-AL), tem apoio do governo, que
O ministro da Secretaria de Governo é o responsável pela articulação política com o Congresso.
Bolsonaro antecipou nome de Gilson Machado
Na quarta-feira (9), Bolsonaro já havia antecipado que Gilson Machado, então presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), seria o novo ministro do Turismo.
Para a vaga de Machado na Embratur foi nomeado Carlos Alberto Gomes de Brito.
Em diálogo com apoiadores no Alvorada, antes da oficialização da mudança, Bolsonaro afirmou: “Tá sabendo do Gilson ou não? Já tá sabendo do Gilson? É ministro. O Gilson é um cara muito competente nessa área. O outro estava fazendo um bom trabalho também, não é? Mas deu problema aí.”
Esta foi a 15ª troca no primeiro escalão do governo Bolsonaro em menos de dois anos.
Escândalo com candidaturas laranjas
Álvaro Antônio assumiu o posto em janeiro de 2019, logo após a posse de Bolsonaro. O ministro deixa a cadeira após quase dois anos à frente da pasta.
Deputado federal pelo PSL, antigo partido do presidente, Álvaro Antônio esteve envolvido no escândalo das candidaturas laranjas em Minas Gerais na campanha eleitoral de 2018. O Ministério Público Eleitoral de Minas Gerais denunciou Álvaro Antônio e outras dez pessoas sob acusações de crimes envolvendo essas candidaturas.
Mesmo após o ministro ter sido indiciado em inquérito pela Polícia Federal e denunciado pelo MP, o presidente decidiu mantê-lo no governo.
Saindo do Ministério do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio deve reassumir o mandato na Câmara dos Deputados. O político chegou a cumprir um mandato inteiro como deputado federal enquanto filiado ao PMB e ao PR, entre 2015 e 2018, antes de ser escolhido ministro.
Novo ministro
Gilson Machado é empresário, músico e veterinário. Nas redes sociais, ele registra o trabalho como cantor, sanfoneiro e compositor da banda de forró Brucelose.
Pernambucano, Machado costuma acompanhar Bolsonaro em viagens, em especial ao Nordeste, nas quais destaca ações do governo que beneficiam a região. Ele também é convidado com frequência por Bolsonaro para tocar sanfona nas “lives”, transmissões ao vivo pela internet que o presidente costuma fazer às quintas-feiras no Palácio da Alvorada.
Machado assumiu o comando da Embratur em maio do ano passado. Antes, trabalhou na transição do governo e, já com Bolsonaro na Presidência, teve cargo de secretário nacional de Ecoturismo e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA).
Contra o distanciamento social.
Em discurso no último dia 3, Gilson Machado fez um apelo para que prefeitos e governadores não endureçam medidas tomadas para manter o distanciamento social. Gilson afirmou que o setor de turismo não aguentaria “um segundo fechamento coletivo”.
“Queria aproveitar esse momento para fazer um apelo aos governadores, aos prefeitos, enfim, a quem está com a decisão de fechar um lockdown. O nosso ‘case’ turístico, o nosso ‘trade’ turístico não aguenta mais um segundo fechamento coletivo”, afirmou.
Machado disse, sem citar a fonte, que o Brasil foi o que menos teve desemprego na área do turismo entre todos os países turísticos e deu como exemplo a cidade de Porto de Galinhas, em Pernambuco.
Segundo ele, a cidade pernambucana teve 25% de desemprego enquanto houve “países em que o desemprego foi de 60%”.
“Não fechem, por favor, porque vai haver desemprego em massa se os senhores fizerem isso. Nós conseguimos manter os nossos empregos, que é o nosso capital humano, é o maior bem que uma empresa de turismo pode ter”, declarou.
Trocas no governo
Veja as últimas trocas de ministros no governo Bolsonaro:
1. Secretaria-Geral da Presidência, fevereiro de 2019: Gustavo Bebianno foi substituído por Floriano Peixoto Vieira Neto
2. Ministério da Educação, abril de 2019: Ricardo Vélez Rodríguez foi substituído por Abraham Weintraub
3. Secretaria de Governo, junho de 2019: Carlos Alberto dos Santos Cruz foi substituído por Luiz Eduardo Ramos
4. Secretaria-Geral da Presidência, junho de 2019: Floriano Peixoto Vieira Neto foi substituído por Jorge Antonio Oliveira
5. Ministério do Desenvolvimento Regional, fevereiro de 2020: Gustavo Canuto foi substituído por Rogério Marinho
6. Casa Civil, fevereiro de 2020: Onyx Lorenzoni foi substituído por Walter Braga Netto
7. Ministério da Cidadania, fevereiro de 2020: Osmar Terra foi substituído por Onyx Lorenzoni
8. Ministério da Saúde, abril de 2020: Luiz Henrique Mandetta foi substituído por Nelson Teich
9. Ministério da Justiça e Segurança Pública, abril de 2020: Sergio Moro foi substituído por André Luiz Mendonça
10. Advocacia-Geral da União, abril de 2020: André Luiz Mendonça foi substituído por José Levi Mello do Amaral Junior
11. Ministério da Saúde, maio de 2020: Nelson Teich pediu demissão. Eduardo Pazuello interino.
12. Ministério das Comunicações, junho de 2020: recriação da pasta, desmembrada do MCTIC. Fabio Faria assumiu.
13. Ministério da Educação, junho de 2020: Abraham Weintraub foi substituído por Carlos Alberto Decotelli.
14. Ministério da Educação, junho de 2020: Dias após ser nomeado, Decotelli pediu demissão, “Diário Oficial” tornou nomeação sem efeito e Milton Ribeiro assumiu o cargo.
15. Ministério do Turismo, dezembro de 2020: Gilson Machado no lugar de Marcelo Álvaro Antônio.
Fonte: G! – Política
Edição: Wilson Barbosa / Jornal Cidades.
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